terça-feira, 20 de junho de 2017

Professores sob vigilância constante




Aula de fascismo, por FERNANDO BRITO no TIJOLAÇO

Paula Ferreira e Renato Grandelle, hoje, em O Globo, mostram o legado juvenil da era do grampo e delação conduzidos à condição de “heroísmo” pelo Ministério Público, pela Justiça e pela mídia.
Contam a história de professores amedrontados, temendo estarem sendo gravados por alunos, em busca de “dedurá-los” como esquerdistas ou gays.
Até a cor da camiseta serve como pretexto:
Quando escolhe a roupa que usará durante um dia de aula, Miguel (nome fictício), professor de Português e Literatura de duas escolas privadas, deixa as camisas vermelhas de lado. Nas duas vezes em que as vestiu no trabalho, foi chamado pelos alunos de petista. Era brincadeira, mas ele não baixa a guarda. Os estudantes já se queixaram dos debates conduzidos por Miguel em sala sobre temas como racismo e homofobia. Outros docentes já passaram por situações mais dramáticas — tiveram trechos de aulas gravados e divulgados nas redes sociais, onde foram acusados de promover doutrinação ideológica.
A reportagem (que não achei na versão online) é uma sequência de monstruosidades. Entre elas as contidas no  site do movimento “Escola Sem Partido”: “uma aba chamada “Flagrando o doutrinador” estabelece comportamentos dos professores que os alunos podem identificar como doutrinação” e outra,  “Planeje sua denúncia”, ensina os alunos a registrarem falas dos professores que sejam “representativas da militância política e ideológica”.
Auxiliar de coordenação de um colégio da Zona Sul do Rio, uma educadora que também não quis se identificar recebe e-mails com denúncias sobre o conteúdo transmitido nas aulas. É, segundo ela, um fenômeno recente, mas que forçou mudanças na linha pedagógica da instituição.
— A escola está com menos liberdade de atuação. Até dois anos atrás, podíamos fazer uma videoconferência sobre qualquer tema que estivesse acontecendo no mundo. Hoje, temos que mostrar à direção, submeter à aprovação dos pais, analisar com que série vamos trabalhar — revela. — As famílias tinham mais confiança em nós.
São os filhos do Moro, os imbecis da “cognição sumária”, tão entupidos de convicções que não precisam aprender, debater, discutir ideias ou fatos.
Basta-lhes, como à Rainha de Copas de Lewis Carroll, apontar o dedo duro e gritar: cortem-lhe a cabeça.
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EL PAÍS OPINIÃO: O que seria da literatura numa “escola sem partido”? por JOSÉ RUY LOZANO - EL PAÍS - 08/jan/2017: Dom Casmurro, de Machado de Assis, continuaria a ser um romance de adultério...
Aconteceu em meados de 1990. O aluno, de família religiosa, dirige-se ao professor e afirma, em alto e bom som: “Não vou ler esse livro aí, é obra de Satanás”. A obra em questão era Noite na taverna, de Álvares de Azevedo, o romântico brasileiro discípulo de Byron e Musset, que temperou os enredos de seus contos com cemitérios, crânios humanos e orgias à meia-noite.
Escola sem Partido: A formação de Zumbis, por Márcia Moussall no Observatório do Terceiro Setor - Jornal do Nassif - 13/set/2016: Vamos admitir que a nossa querida democracia é extremamente frágil. O golpe parlamentar nos mostrou que temos um longo caminho a percorrer em direção a uma sociedade justa.




“Um povo ignorante é um instrumento cego da sua própria destruição” ( Simón Bolívar)...



Fonte: Jornal do Nassif

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