sábado, 19 de setembro de 2015

Hungria e os refugiados: pais e filhos separados pela ação policial

Cercas de arame farpado em Roszke. | ©Amnesty International
Cercas de arame farpado em Roszke. | ©Amnesty International

Cerca de nove pessoas incluindo ao menos quatro crianças que foram separadas de suas famílias pela polícia húngara no momento em que uma cerca era rompida em Röszke, devem ser imediatamente libertados e reunidas com suas famílias, disse a Anistia Internacional. O paradeiro exato das crianças é desconhecido, mas acredita-se que tenham sido levados a um edifício de controle das fronteiras nas proximidades.

“As famílias estão desesperadas para se reunir com seus filhos. Eles não só vivenciaram a viagem traumática para a fronteira e ao uso da força por parte da polícia – eles já perderam a segurança de estar com os seus pais. As autoridades húngaras deverão entregar imediatamente essas crianças para as suas famílias “, disse Tirana Hassan, diretora da Anistia Internacional de Resposta a Crise, que está na cena do crime.

O incidente aconteceu depois que os refugiados avançaram através de uma cerca de fronteira. A polícia respondeu inicialmente com o uso de spray de pimenta e o pânico seguiu. Algumas pessoas fugiram da cena, enquanto algumas mulheres e crianças estavam no chão.
Testemunhas disseram à Anistia Internacional que a polícia húngara pegou uma mãe e a criança e as carregaram. Um pai de uma criança de oito anos de idade disse à Anistia Internacional:
“Meu filho foi tirado de mim enquanto eu estava segurando a mão dele e nós estamos separados desde então.”

A Anistia Internacional viu a polícia húngara caminhar até outro pai de duas das crianças de seis e oito anos, que estava à procura de assistência para localizá-los. A polícia o empurrou e um membro da equipe da Agência de Refugiados da ONU (UNHCR) e os cutucou com um bastão em suas costas.

Fatou Diome em uma conversa franca sobre os refugiados e imigrantes!


quarta-feira, 16 de setembro de 2015

Enequality - Desigualdade


Um vídeo que mostra o que os CEOs, homens mais poderosos do mundo pensam e discutem. E o que a maioria das pessoas não sabem.

Catastroika - 2015




Devido as políticas de austeridade e com tantas crises no  sistema capitalista é cada vez mais frequente que Estado-Nações se curvem aos desmandos do capital. Infelizmente, serviços públicos essenciais como telefonia, água, esgoto, transporte são objetos de empresas em busca de geração de lucro. A democracia, a cidadania são postas de lado no contexto da globalização, que segundo Milton Santos é a barbárie do "globalitarismo" desenfreado. [por Documentario Hoje]

Jornalistas Fascistas não deveriam ter espaço na mídia

petra laszlo jornalismo
(Charge: Hasan Abadi)
Vandeck Santiago, Diário de Pernambuco
O repórter que testemunhou 27 golpes e revoluções, que cobriu guerras, epidemias e crises de fome na África e América do Sul, que viu o despertar do islamismo e a derrocada da União Soviética, que era considerado por Gabriel García Márquez “um verdadeiro mestre” e que foi o mais célebre correspondente internacional do século 20, o que dizia ele sobre que tipo de gente deveria exercer o jornalismo? “Pessoas más não podem ser bons jornalistas”, afirmava Ryszard Kapuscinski, o repórter de quem estamos falando. “Só uma boa pessoa se esforça para compreender os outros, suas intenções, sua fé, seus interesses, suas dificuldades, suas tragédias”.
Agora, peguemos este raciocínio de Kapuscinski, um polonês falecido em 2007, aos 75 anos, e nos transportemos para um campo de refugiados na Hungria, na fronteira com a Sérvia. De repente um grupo de pessoas desesperadas corre para tentar furar uma barreira policial e entrar na Hungria. Uma das pessoas é um pai aparentando uns 60 anos, carregando uma sacola nas mãos, uma bolsa nas costas e um filho nos braços. O que você faria se estivesse lá e este homem passasse correndo ao seu lado?
A jornalista húngara Petra Laszlo fez o inimaginável: estendeu o pé na frente do homem, fazendo-o tropeçar e cair com o filho (foto). Momentos antes, no mesmo local, ela já chutara uma menina. É um dos mais infames atos já cometidos por um jornalista no exercício da profissão. Aconteceu anteontem, em mais um episódio dramático da crise migratória que bate às portas da Europa. Petra Laszlo foi demitida no mesmo dia; ela trabalhava para uma emissora de TV ligada à extrema-direita. Dois partidos húngaros prometeram entrar com ação na justiça contra ela.
A prática do jornalismo ajuda a controlar emoções durante a cobertura dos fatos – o repórter está ali para narrar os acontecimentos, não para participar deles. Petra Laszlo quebrou esta regra da pior forma possível, chutando uma menina e derrubando um pai com uma criança nos braços. Ninguém sabe com exatidão a razão do seu gesto; é plausível supor que ela odeie os migrantes, e os veja como ameaça. A Hungria tem um governo conservador, apoiado pela extrema-direita. Pesquisa recente apontou que 66% da população acha que os refugiados “ameaçam a estabilidade do país”. Nesse quadro, é possível ver o espaço para a escalada do ódio – mas é inaceitável que uma jornalista, no exercício da profissão, se deixe tomar pela paixão e faça o que ela fez.
Se há um consolo nisso tudo é a constatação de que a prática jornalística em casos de crises, guerras e calamidades é completamente diferente. Na semana passada, por exemplo, tivemos o episódio do menino sírio Aylan Kurdi, que morreu afogado na Turquia. A foto dele, de autoria da fotógrafa Nilüfer Demir, tornou-se imagem símbolo da crise migratória. “Naquele momento, quando vi Aylan Kurdi, eu fiquei petrificada”, disse Nilüfer Demir. “Ele estava deitado de barriga para baixo sem vida na areia, de camiseta vermelha e com seu short azul escuro. A única coisa que eu poderia fazer era tornar seu clamor ouvido. Naquele momento, eu pensei que poderia fazer isso ao acionar minha câmera e fazer sua foto”.

SAIBA MAIS: 15 ilustrações em homenagem ao menino Aylan Kurdi
No espaço de uma semana, tivemos dois exemplos opostos na cobertura da mesma crise migratória. Uma e outra mostram que é impossível fazer bom jornalismo sem motivações éticas, como mostra Ryszard Kapuscinski, no livro Os cínicos não servem para este ofício: conversas sobre o bom jornalismo. Nos dois casos tivemos crianças em destaque, e sempre no papel de vítimas. Novamente vale a pena ouvir Kapuscinski. “Se querem seguir a carreira, vocês não podem ignorar os pobres: representam 80% da população do planeta. As mais desafortunadas são as crianças”, disse ele em orientação a estudantes de jornalismo. “De todas as imundícies do mundo, essa é a que mais me ofende”.


Fonte: Pragmatismo Político
acesse o site: http://www.pragmatismopolitico.com.br/2015/09/pessoas-mas-nao-sao-bons-jornalistas.html